sábado, 25 de setembro de 2010

Personagens da inflamação

A inflamação possui alguns personagens:

Células endoteliais( células que foram a parede dos vasos): Expressam ligantes , função de revestimento do vaso, produzem substâncias que alteram o vaso.

Outros personagens atuam dentro do vaso como plaquetas, monócitos, linfócitos, proteína, leucócitos e hemácias. O papel das hemácias é capturar imunocomplexos que de outra forma se acumulariam nos tecidos e causariam danos, as hemácias carregam até o baço onde lá os imunocomplexos são removidos do sangue. Os mastócitos causam reações rápidas, por exemplo ao contato com poeira e se espirra rapidamente é o mastocito que libera histamina e outros componentes causando vasoespasmo.

Como já foi evidenciado a inflamação envolve um processo vascular ou melhor alterações vasculares, incluem alteração do fluxo de sangue,  do calibre do vaso,  permeabilidade e resposta nos vasos linfáticos.

Existe algo chamado TRÍADE DE LEWIS para os eventos iniciais da inflamação o primeiro processo que ocorre é uma rápida vasoconstrição transitória em seguida surge vasodilatação de arteríolas provocadas por mastócitos e isso leva ao aumento da permeabilidade vascular.

A inflamação se processa a nível de microcirculação: arteríolas, vênulas e capilares.

O sistema é arteríola-capilar-vênula. Pela arteríola sai  água para o interstício por pressão hidrostática, depois essa água volta para a vênula por pressão coloidosmótica, retorna cerca de 95% de água, os outros 5% de água que ficaram no interstício é drenado pelo sistema linfático. Na inflamação pelas alterações ampliadas no vaso ocorre perda de proteínas para o interstício, isso causa edema, pois o liquido não retorna. O aumento da permeabilidade faz a protéina sair. Sempre que for possível reduzir o edema  é positivo para o paciente.

Causas do aumento da permeabilidade:  Remoção das células endoteliais, afrouxamento das ligações nas células endoteliais, onde a histamina contribui.

Introdução a inflamação e alguns termos úteis

A inflamação pode ser conceituada como uma resposta fisiológica que sempre acontece em nível basal, mas as vezes essa resposta ocorre com exagero.


A inflamação possui alguns sinais universais:

1- Dor: Explicada pela liberação de bradicinina durante a resposta inflamatória o que baixa o limiar para os receptores da dor, lembrando que o edema faz pressão e estimula também a dor.

2- Calor: Com o aumento da circulação na área inflamada o sangue que vem quente da temperatura interna do corpo leva essa temperatura ao local inflamado. E também o aumento do metabolismo termina por aumentar a temperatura.

3- Rubor ou eritema: Causado pela vasodilatação o que deixa a área inflamada avermelhada.

4- Tumor ou edema:  Lembrando que nem sempre a palavra tumor esta associado a neoplasia neste caso é sinônimo de edema isso ocorre na inflamação através do extravasamento de liquido do plasma para o interstício.


Como se pode observar a inflamação é um fenômeno essencialmente vascular, ocorre em áreas vascularizadas, especificamente no conjuntivo.

Tratar uma inflamação é remover a causa e não dar apenas um antiinflamatório, pois a inflamação leva a perda da função o que é outro sinal da inflamação, por exemplo um dente inflamado  faz mastigar com o outro lado e não usa o lado inflamado.

Alguns termos:

Trogocitose: Processo pelo qual linfócitos capturam fragmentos da membrana citoplasmática de células apresentadoras de antígeno expressando seus antígenos.

Inflamação aguda:  Possui sintomatologia se estabelece rápido por curto período. geralmente estão envolvidos neutrófilos e eosinófilos.
 
Inflamação crônica: Não apresenta muita sintomatologia estão envolvidos  macrófagos e linfócitos. 

Abscesso: Conjunto de pus dentro do tecido é preciso fazer drenagem. 

Celulite: Quando o pus esta espalhado

Fibroedama gelóide: É o que se pensa ser celulite,  geralmente causa de muita preocupação da estética feminina.

 

sábado, 18 de setembro de 2010

Algo mais sobre pigmentação endógena

Hemoglobina = Hemossiderina + Biliverdina + Bilirrubina

Este esquema mostra o que acontece na hemólise por exemplo, onde ocorre a quebra de hemácias, os glóbulos vermelhos se rompem, liberam hemoglobina esta é responsável pela coloração vermelha das hemácias e consequentemente do sangue, a hemoglobina ao ser degradada libera hemossiderina este pigmento contém ferro, a biliverdina pigmento verde e bilirrubina  pigmento amarelo são desprovidas de ferro.

A hemólise pode ser extravascular, maior parte, ou intravascular quando isso ocorre a hemoglobina precisa se ligar a heptoglobina no plasma, depois macrófagos reciclam o ferro e produzem bilirrubina,  a hemoglobina livre no sangue é tóxica, pois reage com peróxido de hidrogênio e forma radical livre, levando a dano renal  e diminuindo óxido nítrico, importante vasodilatador sem ele  vaso contrai, levando a hipertensão pulmonar.

Mas até a bilirrubina não pode estar alta no sangue, pois ela inibe enzimas mitocôndriais, interfere na síntese de D.N.A, inibe captação de tirosina, diminui níveis de glicose celular, aumenta níveis de lactato e impede metabolismo da glicose cerebral. 

Muitas patologias como hepatite, malária, distúrbios enzimáticos como na G6PD, levam a icterícia que é o acumulo de bilirrubina no sangue e alguns tecidos, o enfermo fica com aspecto amarelado na pele e olhos, isso pode acontecer em patologias que afetam o fígado, pois nossas hemácias vivem cerca de 120 dias, depois ficam senescentes e precisam ser removidas no baço e fígado,  o ferro é reaproveitado e a bilirrubina formada, o baço manda para o fígado a bilirrubina formada e o fígado através da vesícula biliar, envia os sais biliares no processo da digestão, por alguma patologia o fígado pode ser afetado e a eliminação da bilirrubina ficar prejudicada, até na própria vesícula biliar isso leva a um aumento da concentração de bilirrubina no sangue levando a icterícia. Outras patologias como distúrbio enzimático da G6PD causam alterações osmóticas nas hemácias, levando elas a hemólise na própria corrente sanguínea, também causando icterícia.

A condição de icterícia é mais grave quando em um  bebê, porque a bilirrubina atravessa a barreira hematoencefálica, se trata de uma proteção especial dos vasos que irrigam o cérebro e normalmente impedem que diversas substâncias estranhas entrem no cérebro.

Regra do ABCD para as lesões pigmentadas

Muitas vezes aparecem nas pessoas manchas escuras na pele, logo surge a preocupação de ser um câncer de pele. Obviamente uma mancha escura na pele deve ser merecedora de uma consulta urgente ao dermatologista, este na suspeita de ser um melanoma fará uma biopsia onde será confirmado o diagnóstico  através de exame mais detalhado pela microscopia. Existe um método que permite avaliar  uma lesão pigmentada como benigna ou maligna, se chama o método do ABCD:


A-  De assimetria, se a lesão apresentar assimetria é suspeita, pois a lesão maligna é assimétrica.
B-  A lesão maligna apresenta borda irregular.
C-  Cor, lesão maligna apresenta mais de uma intensidade de cor.
D-  Diâmetro maior de 0,6 cm é supeito de lesão maligna.

Se uma lesão pigmentada apresentar todas essas caracteristicas suspeitas, a consulta ao dermatologista deve ser feita ainda com mais urgência. Lembrando que este método serve apenas para suspeita é com a biópsia que poderá ocorrer o diagnóstico.

sábado, 11 de setembro de 2010

Pigmentação

A pigmentação patológica é o acumulo ou redução de pigmentos. Pode ser endógena substâncias do próprio organismo ou exógena substâncias estranhas ao organismo.

Exemplos de pigmentação exógena:  Antracose( carvão) pessoas que trabalham em minas de carvão, ou em locais muito poluídos com carvão podem desenvolver essa patologia caracterizado pelo acumulo de sais de carbono  no pulmão, o alvéolo fica muito espesso e dificulta troca gasosa(hematose), como resultado da lesão fica com mais colágeno do que elastina, logo a expiração fica dificultosa. Tatuagem pigmentação causada por enxofre, os macrófagos absorvem o pigmento e permanece praticamente o resto da vida. Siderose acumulo de ferro. Argiria sais de prata .

Pigmentação endógena exemplos: Lipofuscina pigmento insolúvel, pigmento castanho do envelhecimento, derivado de peroxidação de lipídios da membrana subcelular. IMPORTANTE sinal de lesão por radicais livres. Melanina pigmento preto-acastanhado, deposita-se pele, conjuntiva e cartilagem. Hemossiderina granular ou cristalino amarelo a castanho dourado, deriva da hemoglobina. O ferro nas células é associado a proteína apoferritina, para formar micelas de ferritina. Quando excesso local ou sistêmico de ferro, a ferritina forma grânulos de hemossiderina, sobrecarga sistêmica é conhecida como hemossiderose. Na maioria dos casos de hemossiderose a pigmentação não lesa as células, nem compromete função do órgão. Mas o acumulo extremo de ferro na hemocromatose causa lesão hepática e pancreática, causa fibrose hepática, insuficiência cardíaca e diabetes mellitus.

A bilirrubina é um pigmento normal encontrado na pele, provém da hemoglobina, mas não contém ferro. Icterícia distúrbio clínico, por excesso desse pigmento nas  células e tecidos.

Envelhecimento celular

Praticamente vamos ver 4 fatores como causa onde pode atuar um ou mais desses fatores ao mesmo tempo, ou todos eles atuando para promover o processo ao qual chamamos de envelhecimento celular, o qual sempre foi e ainda é motivo de intensa pesquisa.

E a grande indagação relacionada a este tema, o envelhecimento celular é causado por motivos de desgaste ou é algo biologicamente programado????

As 4 causas principais que as pesquisas atuais apontam se referem a QUESTÃO DO TELÔMERO, AOS GENES RELÓGIO, EVENTOS METABÓLICOS E CAPACIDADE DE REPARO METABÓLICO REDUZIDO,  vamos então abordar com mais profundidade as citadas causas:

TELÔMERO: Trata-se de sequência de D.N.A repetitivo  localizado nas extremidades dos cromossomos, assim como envolvendo essas extemidades como uma "capa protetora" sem conteúdo genético de transcrição  é  D.N.A, mas não é codificante. O telômero evita a fusão dos cromossomos o que seria bastante inapropriado, pois causaria anomalias genéticas graves e a cada divisão celular ocorre perda de um pouco de D.N.A e isso ocorre nas extremidades, assim a cada divisão celular se perde um pedaço do telômero, até certo ponto isso não causa anomalias, pois como foi dito o telômero possui material  repetitivo e não codificante, ou seja, esta la para isso também. As células filhas herdam um telômero menor a cada divisão e quando esta perto de acabar o telômero, a célula entra em apoptose, a fim de evitar que apareçam  células com alterações genéticas graves. Então os filhos de uma pessoa já nasce com seu telômero mais curto do que seus pais? Não, porque existe uma enzima chamada telomerase que tem o poder de restaurar o telômero durante as divisões mitóticas, a telomerase esta ativa nas células germinativas que produzem espermatozóides e óvulos, assim essas células germinativas tem seus  telômeros 100% prontas para formar um novo ser vivo, assim a redução do telômero ocorre com o envelhecimento do ser vivo. A telomerase também se encontra ativa nas células neoplásicas, por isso a célula neoplásica recebendo alimento em condições controladas é praticamente "imortal", os telômeros destas células estão sendo regenerados a cada divisão pela telomerase.

GENES RELÓGIOS: Por exemplo o nematóide Caenorhabdis elegans possui  um gene chamado clk-1, este gene pode ter relação com alterações na taxa de crescimento e a regulação dos processos do desenvolvimento. Há tentativas intensas de localizar homólogos  desses genes nos mamíferos.


EVENTOS METABÓLICOS  E CAPACIDADE DE REPARO METABÓLICO REDUZIDO: Os chineses já diziam desde a antiguidade ao homem é dado certo número de respirações para toda vida. Vários experimetos com insetos e pequenos animais, comprovam o principio de que quanto mais intensa for a atividade metabólica, menor a longevidade. Por exemplo moscas que tiveram suas asas retiradas, vivem cerca de 50% mais que as moscas normais com asas, retirando as asas houve alta redução de metabolismo logicamente. E essa questão também esta ligada a restrição calórica, pesquisas com cobaias também comprovam que as cobaias criadas desde sempre com restrições calóricas na alimentação viveram muito mais do que outras da mesma espécie com alimentação normal. Estas duas pesquisas se interligam e a relação possivelmente esta na oxidação, ou melhor nos metábolitos reativos produzidos durante a oxidação celular os conhecidos RADICAIS LIVRES responsáveis por vários danos celulares, inclusive no próprio D.N.A, danos sérios a depender da quantidade e da produção destes radicais livres ai entra os mecanismos de reparo celular, mecanismos que reparam erros no D.N.A por exemplo e algumas patologias ou o próprio envelhecimento reduzem significativamente a capacidade de reparo do D.N.A, o que contribuirá para o envelhecimento celular e seus efeitos. Normalmente é o acumulo de radicais livres e seus danos ao longo do tempo um dos fatores de grande peso para o envelhecimento celular.

sábado, 4 de setembro de 2010

Cálculo

Cálculo significa pequena pedra, pois os antigos costumavam calcular por exemplo a quantidade de um rebanho associando a cada animal uma pedra, depois  poderiam facilmente conferir quantos animais possuíam.

Cálculo é diferente de calcificação, porque a calcificação ocorre dentro do corpo, mas os cálculos sempre se formam fora do corpo e também não é iniciada por hidroxiapatita como na calcificação.

Podem se formar cálculos na vesícula biliar, assim se for amarelado é  formado de bilirrubina se for escuro, será formado de colesterol.

Cálculos renais(urolitíase), formado principalmente por  fosfato puro, ou fosfato de cálcio.

* Phyllantus  Niruri: Planta utilizada pra fazer o conhecido chá de quebra pedra que inibe formação de cálculos renais e facilita sua expulsão. A planta parece mudar a polaridade da carga dos cristais para não aderir ao túbulo renal.

Calcificação patológica

Quando ocorre calcificação em tecidos não osteóides a isso se denomina calcificação patológica que pode ser de dois tipos distrófica e metastática.

A calcificação distrófica sempre acontece como efeito de uma lesão ou necrose  por exemplo uma lesão na mama pode gerar calcificação,  ocorrendo no músculo e em diversos tecidos.

Mas na calcificação metastática ela ocorre sem ter como causa uma lesão, o tecido se encontra  normal e apresenta como causa da calcificação a hipercalcemia( cálcio elevado no sangue).

Trata-se do seguinte sempre a calcemia (quantidade de cálcio no sangue) é baixa, muito baixa, mas mesmo assim com esta concentração tão baixa o organismo produz ossos e dentes. Em um organismo sadio as  células possuem mecanismos que evitam a calcificação de tecidos não osteóides, esses mecanismos podem ser anulados ou por uma lesão nas células, ou por hipercalcemia e esta tem como causa,  uma absorção intestinal de cálcio aumentada ou um aumento da reabsorção óssea. Um excesso de paratormônio  produzido nas paratireóides pode levar a hipercalcemia, pois a função desse hormônio é retirar cálcio dos ossos para o sangue quando a calcemia cai. Logo o hiperparatireoidismo leva a excesso de paratormônio causando aumento da calcemia favorecendo assim calcificações em outros tecidos do corpo, do tipo metastática. 

Uma lesão renal pode levar a hipercalcemia por paratormônio, o mecanismo é o seguinte com a lesão renal, o rim não produz vitamina D adequada, a absorção de cálcio no intestino fica comprometida com a lesão renal, o rim também aumenta sua excreção de cálcio, assim como retém fósforo, a concentração de fosfato no sangue fica alto enquanto cálcio cai. A glândula paratireóide analisa a relação no sangue de cálcio e fosfato, quando esta relação é alterada, então a liberação de paratormônio é ativada, neste caso com quebra da relação ocasionada pela lesão renal, gerou um aumento da produção de paratormônio o que leva a hipercalcemia e favorecendo a calcificação metastática.

A calcificação também pode ser idiopática, ou seja, sem causa elucidada,  pode acontecer em qualquer músculo, embora mais frequente  no quadríceps. Na calcificação iatrogência se injeta cálcio no paciente pra tratar  alguns tipos de tumores, apresentando como efeito na maioria das vezes calcificação na derme.